1 de fev. de 2012

"Devoção" por carros pode estar relacionada com agressividade no trânsito

Por Luciana Carvalho
Fonte: Revista Exame em 10.12.2011

Quando o carro deixa de ser visto como um mero meio de transporte e se torna uma extensão da personalidade do dono, a agressividade para com outros motoristas e o risco de acidentes de trânsito aumentam. Essa foi a principal conclusão de um estudo feito pela Fox School of Business, da Temple University, nos Estados Unidos.
A pesquisa foi divulgada recentemente pelo periódico Psychology and Marketing e tem como base dois levantamentos feitos em Israel. Em um deles, 134 homens e mulheres na faixa dos 23 anos responderam perguntas gerais sobre seus valores, personalidade e atitudes. O outro, baseado no primeiro, foi feito com 298 pessoas, que falaram sobre atração pelo risco, impulsividade, prazer em dirigir e pressa.
A partir dessas respostas, os pesquisadores perceberam que, quanto mais uma pessoa se identifica com seu carro e vê nele um reflexo de sua personalidade, maior é a tendência de ser agressivo enquanto dirige e de infringir as leis de trânsito. Esse comportamento também é mais forte em pessoas materialistas e com tendências a compulsividade.
Não é à toa que os seguros de carro são, em geral, mais caros para homens com menos de 25 anos. Segundo o estudo, jovens que ainda não têm sua identidade completamente formada tendem a ser mais hostis no volante, usado como artifício de autoafirmação. Além disso, eles costumam ser mais confiantes do que o recomendado e fazendo manobras muito arriscadas.
A pesquisa acrescenta ainda que, ao verem os carros como extensão de si mesmos no trânsito, os mais agressivos encaram as ruas como um território a ser ocupado e controlado por eles, inclusive com o uso da força.
Essa atitude não está ligada diretamente ao modelo ou ao preço do carro. De acordo com outra pesquisa, realizada pela Colorado State University e publicada em 2008 pelo Journal of Applied Social Psychology, os motoristas mais agressivos são aqueles cujos carros possuem adesivos decorativos, independentemente da mensagem escrita neles.
A explicação, segundo os pesquisadores, está na intenção de marcar o território e, se for preciso, enfrentar quem ousar invadir seu espaço.

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