29 de abr. de 2011

DEMOLIÇÃO DA CICLOVIA DE PARELHEIROS

Por: Willian Cruz
No final de março, moradores e ciclistas da região de Parelheiros, na Zona Sul de São Paulo, denunciaram indignados a retirada da Ciclovia da Colônia através de diversos meios, pedindo ajuda a cicloativistas, imprensa e poder público.
Inaugurada em 2006 a um custo de R$ 200 mil, a ciclovia ficava na Estrada da Colônia. Além de bastante movimentada, essa estrada não possui acostamento e nem fiscalização, colocando em risco os ciclistas pela proximidade e velocidade com a qual os carros e ônibus passam.
O caso apareceu na imprensa e repercutiu de forma péssima para a Prefeitura de São Paulo, que além de não construir novas ciclovias ainda removeu uma das poucas existentes.
 
                        Sem acostamento e com calçada estreita e esburacada, ciclistas correm risco na Estrada da 
                        Colônia depois da remoção da ciclovia.

Justificando o injustificável
Assim que o caso veio a público, a Subprefeitura de Parelheiros atribuiu a decisão ao Ministério Público, alegando ter recebido um ofício da promotora  Mabel Tucunduva pedindo a inativação da ciclovia.
Já o Ministério Público Estadual disse que não pediu que a ciclovia fosse desativada, apenas interditada para depois ser reformada. E o motivo? O registro de 12 acidentes de carros no local, mas sem envolvimento com ciclistas.
Ou seja, como a via está insegura para os automóveis, transferiu-se esse risco para os ciclistas. Agora os carros e ônibus colocam em risco os ciclistas e não a si próprios. Muito justo.

Decisões que colocam vidas em risco
Se o pedido do MP foi para interditar ou eliminar a ciclovia, isso é o de menos. O fato é que, sem ela, os ciclistas perderam o isolamento importante naquele trecho e passam a correr risco de acidentes fatais, pois a via é perigosa. Essa decisão coloca em risco, deliberadamente, a vida de pessoas. Chamar isso de negligência com a vida humana seria até eufemismo.
Ciclistas são pessoas, como aquelas que estão nos carros. Também têm família, filhos, pais, amigos, amores. Têm o mesmo direito de viver que qualquer outra pessoa. Não se pode brincar com isso.
Eliminar a ciclovia não me pareceu nem um pouco inteligente. Bem melhor seria aumentar a sinalização, diminuir a velocidade limite e atuar na fiscalização, para que os maus motoristas (que desejo acreditar que sejam poucos) não coloquem em risco todos os demais usuários da via, estejam em bicicletas, motos, carros, a pé ou de patinete.

A desculpa oficial
Por requerimento do vereador Chico Macena, a Comissão de Política Urbana da Câmara Municipal questionou a Prefeitura sobre a remoção da ciclovia. Segundo o requerimento, a Subprefeitura de Parelheiros já havia sido questionada anteriormente, mas não apresentou resposta.
Após quase um mês, surge finalmente uma resposta oficial da Subprefeitura, assinada pelo próprio subprefeito, Noel Miranda de Castro, que o Vá de Bike divulga em primeira mão.
No texto, o subprefeito tenta justificar que a ciclovia não foi demolida, como noticiou a imprensa. Só foram retirados os blocos de concreto. Ou seja, a ciclovia está lá, é você que não a vê!

“Há estudos”
Mas a ciclovia está sendo reformada? Não. “Há estudos”, diz o subprefeito. Que estudos? Não sei, estão estudando o que responder.
Se houvesse um projeto, um contrato, uma obra e a ciclovia estivesse sendo reformada, já seria ruim o suficiente ter sido retirada, pelo risco em que as pessoas seriam colocadas. Ela não precisaria ser retirada em sua totalidade, podendo ser reformada progressivamente. E haveria formas de garantir a segurança durante as obras, como é feito em qualquer obra viária que afete o fluxo de carros. A CET tem bastante experiência e competência nisso, bastaria aplicar o conhecimento existente.
Mas não há projeto. Não há contrato. Não há reforma. Não há ciclovia. Depois que ficou feio, que houve pressão da imprensa e da opinião pública, que pegou mal para a Sub, para o MP e até para a Prefeitura, “estão estudando” o que fazer.
A impressão que fica é que, por ser na periferia e não nos bairros nobres da cidade, acreditou-se que não haveria repercussão e a ciclovia retirada cairia no esquecimento. Mas os tempos são outros. A bicicleta é vista cada vez mais como o meio de transporte que é, a internet torna públicos os acontecimentos, os cidadãos estão aprendendo a procurar seus direitos e há cada vez mais gente em cargos públicos com quem podemos contar para defender esses direitos.

Bicicletário fantasma
Para piorar, ainda há o bicicletário construído há 5 anos e que não abriu até hoje. Localizado dentro do CEU Parelheiros, ao lado do terminal de ônibus, seria um fator importante para facilitar a integração com o transporte público. ”Estudos estão sendo concluídos”, diz o subprefeito. Estavam estudando até agora. Então tá.

9 de abr. de 2011

GOOGLE MAPS AGORA DÁ ROTAS PARA CICLISTAS

O Google Maps, que já dava sugestões de rotas para pedestres, motoristas e usuários de transporte público, agora também tem uma seção dedicada aos ciclistas.
A novidade, porém, está disponível por enquanto apenas para 12 mil cidades dos EUA. A ferramenta indica rotas “amigáveis”, que percorram ciclovias e evite caminhos tortuosos, como ladeiras ou montanhas. 
Enquanto isso aqui no Brasil, a nova ferramenta disponível no Google, é a quanto anda o transito na cidade de São Paulo.
 http://www.cycling.com.br/wp-content/uploads/2011/03/bd3.png
 Fonte: Cycling

7 de abr. de 2011

O USO DA BIKE NA CIDADE DE SÃO PAULO AUMENTOU 183% EM 10 ANOS

Por: Simone Sartori
Com 37,5km de ciclovias, a cidade de São Paulo registrou um aumento de 183% no número de viagens feitas de bicicleta em 10 anos.
O número de pessoas que opta por usar bicilicta como meio de transporte tem crescido no País  Foto: Samir Baptista/Terra
                                                                                                                                foto: Samir Batista
De acordo com a Pesquisa Origem/Destino 2007, realizada pelo Metrô de São Paulo a cada 10 anos, das 25,5 milhões de viagens/dia realizadas na capital, cerca de 156 mil (0,6%) são feitas por bicicletas. Em 1997, apenas 56 mil viagens eram feitas por bicicletas, o que representa um aumento de 183% neste tipo de viagem no período. "A bicicleta é o modal cuja utilização mais cresceu no intervalo entre as duas pesquisas", afirma a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP).
Atualmente, a CET prepara a licitação para a contratação de um projeto para a implantação das três ciclovias em regiões distantes do centro da capital paulista, num total de 55 km de percurso. Serão 26 km de infra-estrutura cicloviária no Jardim Helena, na zona Leste; outro circuito no Jardim Brasil, na zona Norte, com 17 km de extensão; e o terceiro trecho será o circuito Grajaú/Cocaia, na zona Sul, que terá 12 km, sendo 5 km de ciclovia e 7 km de ciclofaixa. A companhia afirma que esses locais foram definidos com base em uma pesquisa que indica o maior nível de utilização da bicicleta como meio de transporte. No entanto, ainda não há previsão para que as ciclovias entrem em funcionamento.
Mas o diretor da Federação Paulista de Ciclismo (FPC) Marcos Mazzaron acredita que ainda faltam políticas públicas para incentivar o uso de bicicleta como meio de transporte. Para ele, a construção de mais ciclovias interligando pontos da cidade é um incentivo. A extensão das ciclovias na capital paulista hoje é considerado abaixo do ideal, diz ele.
"Em vários países da Europa, o uso de bicicletas é cada vez mais frequente e é superincentivado por empresas privadas. As pessoas utilizam a bicicleta para ir ao trabalho, fazer compras. A opção por esse transporte tem se tornado uma tendência mundial". Mazzeron lembra, no entanto, que Sorocaba, no interior paulista, é referência, com pelo menos 85km de ciclovias e sistemas para utilização de bicicletas.
Segundo ele, além da recém-inaugurada ciclovia da zona leste, que facilita o transporte de funcionários de empresas da região, a construção de ciclofaixas de lazer (que funcionam apenas nos finais de semana) "ambientou" o paulistano à utilização desse meio de transporte. "Se você perguntar para cem pessoas, 90 vão saber o que são as ciclofaixas. É uma ação de lazer, que transformou esse sistema em um grande parque linear." Atualmente, de acordo com a CET, a capital paulista tem 30km de ciclofaixas, ligando o Parque das Bicicletas aos parques do Ibirapuera, do Povo e Villa-Lobos. A ciclofaixa funciona aos domingos, das 7h às 14h, e conta com monitores para orientação de usuários.

Ande seguro
- Nunca transite contra o fluxo (as pessoas acham que é seguro, mas não é);
- Use roupas claras e refletivas;
- Utilize equipamentos de segurança, principalmente o capacete;
- Não use fones de ouvido para pedalar - isso faz o ciclista perder a referência dos carros;
- Opte por vias secundárias e evite avenidas movimentadas, como a 23 de Maio, na zona sul.
- Bicicletas modelo mountain bike, com 18 ou 21 marchas, são boas opções para o iniciante.
Fonte: Terra

O USO DA BIKE NAS RUAS DA CIDADE DE SÃO PAULO

Por: Willian Cruz*
SÃO PAULO - A infraestrutura cicloviária de São Paulo não incentiva os deslocamentos por bicicleta, mas não precisamos esperar a cidade dos sonhos para começar a pedalar. Podemos fazer isso hoje e já fazemos: somos centenas de milhares nos deslocando de bicicleta pela cidade, todos os dias. 
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                                                                                                                        Foto: Samir Baptista
O ponto principal é a escolha da rota. Quando pensamos no caminho a fazer, é comum imaginar grandes avenidas, por serem as vias mais conhecidas e a escolha natural para se deslocar de carro ou de ônibus. Mas, de bicicleta, raramente uma grande avenida é a melhor escolha. Você pode até chegar um pouco mais rápido, mas é mais importante chegar bem.
Estique um pouco o percurso para pegar uma rua com menor fluxo. Além de mais seguro, é bem mais agradável pedalar numa rua onde os carros passam mais devagar, com menos fumaça e mais árvores, do que numa avenida com carros passando rápido, ônibus, caminhões, stress e barulho. O deslocamento de bicicleta deve ser divertido, não estressante. Faça de sua ida ao trabalho um passeio diário.
Mas não corra riscos desnecessários. Pedale sempre na mesma direção dos carros, para que os motoristas não sejam apanhados de surpresa. Indique com a mão quando for virar ou mudar de pista, para que possam antecipar seus movimentos. Ocupe a faixa, para que mudem de pista e não passem perto demais, para ter um espaço de fuga à sua direita caso leve uma fechada e para desviar mais facilmente de buracos. Passe longe dos carros estacionados, para não ser apanhado por uma porta abrindo sem aviso. E use sempre a faixa da direita - a menos que seja uma faixa de ônibus, que deve ser sempre evitada.
Ciclovias e ciclofaixas são importantes para proteger o ciclista do fluxo rápido de automóveis ou do tráfego pesado de caminhões e ônibus. O ideal é que estejam em grandes avenidas e eixos de deslocamento e que estejam interligadas. Dessa forma, o ciclista poderá acessar os pontos principais da cidade com rapidez e segurança. Mas ainda assim, em algum momento teremos que sair da ciclovia para chegar ao nosso destino. E todas as recomendações acima continuarão valendo.
A bicicleta tem direito de usar as vias, garantido pelo Código de Trânsito Brasileiro. Os demais veículos devem ultrapassá-la a 1,5m de distância, pela lei e pelo bom senso. Por isso, não se sinta culpado ou constrangido de pedalar nas ruas, pois elas são de todos. Exerça seu direito, permita-se esse prazer e pedale.
*Willian Cruz pedala nas ruas de São Paulo há dez anos e é autor do site Vá de Bike
Fonte: Estadão